O Continente africano, embora
quase todo ele em paz, debate-se com um grave e agudo problema, que tanto as
lideranças politicas quanto as religiosas e ate os académicos procuram
esconder, como se com a peneira se pudesse esconder o sol.
Um pouco por todo o continente
acompanham-se tumultos, revoltas, massacres, linchamentos e verdadeiros
holocaustos dirigidos por populares que normalmente são chamados de rebeldes,
criminosos, marginais e quase sempre rotulados de estarem a ser manipulados por
forcas externas.
A onda de violência levantada por
sul africanos contra seus concidadãos africanos, mostrou-se ao lado da onda de
violência no Zimbabwe, de manifestações e linchamentos em Moçambique e de
mortes no Quénia como um dos mais altos sinais de que África precisa chamar os
seus problemas como seus respectivos nomes.
A xenofobia não 'e um fenómeno
somente africano, como alguns pretendem pregar ao dizer que mesmo sem o
apartheid os africanos não podem viver de forma harmoniosa. O ódio, a guerra e
sede de derramar sangue do outro, o sangue daquele que por algum motivo 'e
diferente, constituem situações que sempre acompanharam os homens ao longo da
historia.
Contudo, mesmo ao lado dos mais
variados avisos e previsões feitos por pessoas atentas e que racionalmente
acompanham a evolução da historia, África mostra-se cada vez mas renitente em
aceitar os seus problemas, bem assim mais distante de encontrar as soluções
mais apropriadas.
Nota-se nos atuais discursos dos
principais atores políticos, académicos e religiosos de que as nações africanas
estão cada vez mais tranquilas e sem conflitos. Esta constitui a primeira maior
mentira, assim como o primeiro maior desvio na busca de soluções para os
problemas africanos.
O problema de África não 'e a legislação,
o facto da legislação ser mais dura ou menos dura não vai tornar as sociedades
mais pacificas e mais harmoniosas. Não 'e uma legislação que aboli o apartheid,
que põe termino ao ódio racial ou que desestrutura as desigualdades sociais.
O convívio pacifico e harmonioso
das sociedades parte de uma libertação interna, de uma libertação centrada na
mente e no espírito da pessoa, sendo que uma mente ou um espírito realmente
livre dos vícios e dos males jamais se predispõe a ele mesmo constitui-se como
diz Hobbes, um lobo para o outro.
A realidade prova que a legislação
aboliu o apartheid na África do sul mas que os cidadãos continuam debaixo do
jugo da opressão social, das desigualdades e açoitados pela pela lei do mais
forte, do mais esperto e do mais velho.
A realidade mostra que o acordo
de paz que pôs termino a guerra civil em Moçambique e em Angola, não foi capaz
de trazer paz aos cidadão desses países que, anos depois, continuam vitimas da
miséria, da pobreza e da injustiça social.
A realidade mostra que as eleições
democráticas, que se pretendem livres e justas, os princípios constitucionais,
que se acreditam serem a mãe da nação, não foram capazes de garantir que
Zimbabwe e Quénia, tivessem um período pós eleitoral maioritariamente aceite
pelos cidadãos.
Vivemos um período em que os
interesse prosseguidos pelos principais atores políticos, económicos e
culturais não representam a vontade da maioria. África não quer aceitar que
vive um período em que os seus governos não são legitimados pelo poder constituinte
que 'e o povo.
As experiências vividas em maior
dos países africanos, mostram um cenário em que os governantes caminham para o
sul e os cidadãos para o norte. Embora as principais instituições financeiras
de cooperação na maior parte dos países africanos propaguem em relatórios um
crescimento económico generalizado, esquecem elas mesmas de apresentar o valor
da divida que 'e acumulada e recusam-se de responsabilizar os maus gestores da
coisa publica.
Os maiores problemas de África
ainda residem na ambição imperialista e capitalista de certas minorias que ao
lado do poder e parceiros económicos ridicularizam o choro, o clamor e o
sofrimento do povo africano.
Os maiores problemas de África
residem na mentira dos governantes que não querem aceitar que não haverá paz
enquanto o povo, extremamente miserável e excluído, assiste o enriquecimento
rápido e ilícito de certas minorias ligadas ao poder e ao saber.
O povo africano pode ser
analfabeto mas não 'e burro. Pode não conhecer a origem dos seus problemas mas
ele sente as consequências. Pode não ser capaz de visualizar o futuro mas
percebe a insegurança que prevalece para si, para seus filhos e filhos de seus
filhos. Os sul africanos, percebem muito bem que o legado do apartheid continua
vivo e forte.
Hoje os sul africanos, percebendo
que a sua situação econômica jamais melhorou, mesmo com o fim do apartheid,
buscou nos seus semelhantes negros um bode expiatório. Mais do que pregar o
mesmo discurso, os governantes deviam aceitar a situação a corrigi-la, porque
se as desigualdades sociais prevalecerem e as oportunidade nunca existirem para
o povo, novos bodes expiatórios serão inventados.
Como bem diz o ditado: "numa
casa com fome todos ralham e ninguém tem razão", receio que nesse nadar o
continente seja capaz de parar com a onda de violência que na atualidade o
caracteriza. Receio que se as politicas publicas para a educação, para a saúde,
para o emprego, para habitação e direito a alimentação adequada não forem
inclusivas e participativas, a África nunca venha a experimentar a paz, a
tranquilidade e a harmonia.
Enviado por: Micaele Alves
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